quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Retrospectiva do Show de Mck & Halloween no Cine Atlântico

Todos os lugares deram a Roma, lugar repleto de gladiadores e formadores de idéias, que se repercutem para sociedade em geral e particularmente para a juventude angolana. Dia 17 de Agosto, pelas 19 horas, avizinhavam-se bons ventos para a navegação e, eu como um marujo fidedigno, fiz-me presente para narrar o tão esperado evento. A nossa 'honrosa' capacidade de arrancar exactamente na hora, faz com que o Big Ben acerte-se conforme o nosso entender. Mas enfim... não vim falar de horários, muito menos reclamar de algo tão sonante a nossa realidade.

Família Eterna depois da actuação no Cine Atlântico
O show era antecipadamente um sucesso. Posso afirmar que o anterior que teve como pano de fundo a celebração do aniversário de Katro, foi completamente lotado. Não que este estivesse vazio, mas comparativamente ao anterior, este visivelmente perdia por pequenos números.

O espectáculo começou com a abertura surpreendente de um grupo que bem sabe representar a Zona Sul, os lobitangas que respondem pelo nome de A Família Eterna, souberam dar conta do recado e do público que desconhecia as suas musicas e, sem a ajuda técnica por parte da equipa de som que os dificultou a apresentação. Num golpe de mestre o grupo que possui talentos como Mac  - D Murmu-Yó, Mc Duas, Prisão 17, entre outros, chamaram a si, a akapella da Musica "M" conhecida por muitos de nós e apreenderam a atenção do pessoal.

Sanguinário em palco no Atlântico
De seguida alguém que expulsava ferozmente as palavras:  "Quando Eu dizer 'Sangue', Vocês digam 'Nário', SANGUE!!!" e o público em forma entoativa respondia o pedido do mano da Kano Kortado, na aparição, Sanguinário dos mais emergente valores do Rap underground, que por si só, conquistou o status na rija demonstração poética e interventiva, trouxe-nos a "Cura"e oxigenou a sala, podendo interagir de forma mais energética com os que aí se encontravam.

Flagelo Urbano em palco no Atlântico
Depois era a vez de Sambala, o Rei de Medina, que dispensa apresentação, surpreende-nos a sua maneira desinibida e contagiante de estar no palco, coisa que temos visto como uma raridade. É dos seres mais acessíveis que conhecemos, humanizado aos que recorrem a si com respeito. Flagelo Urbano, assim assina o rapper que passou para a fase de aceitação, com a sua loucura e, convidou-nos a partilhar. 

A noite  parecia uma criança e todos acordes justificavam o porquê que a noite não estava fria.

Cartaz em palco de Phay Grande
O Nome na placa electrónica levou o público ao delírio; quem mais se não o homem que não precisa de apresentação, vindo do catambor ele é das maiores referências do Hip Hop Angolano, Phay Grande O Poeta, é um dos Nomes de cartaz deste espectáculo, já sabido que era um motivo mais que evidente que todos esperariam dele nada mais nada menos que a Música " Buluzento" e, se como o próprio diz não ensaia ele tomou um porre de suas letras que fez sai-la quase que perfeitamente em palco. 1ª Timóteo apelou a juventude e a sociedade que bebesse com moderação sempre com os seus acompanhantes em palco e a garrafa de bebida, fez o gosto e saboreou a ovação na arena.

Cartaz em palco de Drunk Master
Vez do Mestre Bêbado, Drunk Master começou com "Hardcore", tema de sua recente obra discográfica e não ficou por aí; veio "todas" e presenteou-nos com a akapella que se tornou hino vindo da sua primeira Mixtape, o tema "É inútil" fez ecoar as vozes que por algum motivo estiveram até o momento caladas. também foi com a sua entrada que se deu a primeira invasão de palco e ele educadamente parou a musica e junto dos seguranças acompanhou o fã para os fundo de uma das laterais do palco e a festa continuou...

Em palco de Mc K no atlântico
O momento parecia interminável, a aceitação por parte do público e a interpretação dos Artistas...  chegava a vez de Katrogipolongopongo, Mc K, considerado por muitos o Melhor Mc da Banda, e de certeza o mais perfilado. Possui características que deram à si tamanha responsabilidade que o mesmo não esconde nem desmembra, sobre Oceanos de Rivais a Rima Honesta permanece firme. Presenteou assim seus fãs com sei lá quê (A Téknika, As Kausas e as Konsequências), homenageou ainda Beto de Almeida através do som "Atrás do prejuízo", e Teta Lando com a música "Ama o Teu irmão", vinda do Projecto Reunir. Brindou - nos tambem com os sucessos "Talatona" e "Guetos na Vertical".

Halloween em palco no atlântico
Allen Halloween subia por fim em palco com a Youth Kriminal/ Kriminal Família, "Fly Nigga Fly" certamente foi a melhor escolha para começar esse repertório que os fãs acompanharam do principio ao fim, com "S.O.S Mundo" Pediu atenção aos acontecimentos na Palestina, "Procriar", "Convite", "Drunfs", "Krika Kriminal", "Enemies"...foram os reflexos da influência musical que  que este senhor tem por cá.

A noite fechava-se merecidamente todos "satisfeitos" e, com a vontade de que nunca  acabasse. Posso arriscar mesmo em dizer que foi um dos melhores espectáculos de Hip Hop já mais feito no Atlântico, créditos a Produção por sair tão bem o evento.

Nota Positiva

Realmente sem enumera-las dou aos artista primeiramente pelo sincronismo dentro do palco, Interpretação, responsabilidade e interacção, mostraram um horizonte aberto não se limitando em serem apenas Artistas mas Mestres de Cerimônia.

A produção que mostrou que não se precisa de um apresentador (Mestres de Cerimônia), por vezes, paras coisas correrem da melhor forma possível, fez um modelo funcional e interactivo que não é novidade, mas muda em si, o conceito até agora apresentado nos espectáculos de Hip Hop em Angola e particularmente em Luanda

Aos assistentes (Público), que com algumas falhas, claro, puderam por quase todo espectáculo conter-se, respeitar os espaços, celebraram e apoiaram como uno, todo o momento dos artistas e se mostraram receptivos a apelação de ordem. Justificando as palavras do Drunk Master: "Vocês são o Melhor Público do Mundo".

O convite a Família Eterna também constitui um ponto positivo, visto que nos espectáculos estamos sujeitos a repetição de mesmo repertório, salvo o erro se os artistas gravarem novas musicas, muito por culpa da teoria do Amiguismo, que preenche os lugares de abertura para outros talentos que são mortificados devido a falta de audiência e a nossa ignorância quanto aos fazedores  de boa musica. De parabéns está a atitude do Mc K

Nota Negativa

A entrada restrita aos Artistas e alguns convidados foi invadida, o que culminou com uma serie de transtornos e, como em confusão existem sempre os aproveitadores,  fui uma das vitimas dessa situação, perdendo o meu telefone, supostamente retirado do bolso por algum jovem quando atenciosamente tentava passar sobre a muralha formada em frente a porta.

Pude notar que havia bilhetes com timbres diferentes e tinham tratamento tambem diferente. Este tratamento era demorado e muitas vezes com indicações implícitas, deixando os utentes destes desconfortáveis e muitas das vezes zangados.

A maneira de como a segurança respondia a tentativa de invasão ao palco, parecia uma sala concurso de fisiculturismo; arremessando os "invasores" para os que se encontravam nas fileiras da frente.

O destino dado aos passes de trânsito aos Blogger/Imprensa, para este evento, foi ainda mais misterioso e quiçá ignorado. Não posso afirmar que seja uma repercussão do desabafo de Mc K, nem quero acreditar nisso. Mas o facto é que não havia passes de imprensa, nem recomendações acerca.

E é de conhecimento geral que O Memorando de Entendimento da Cultura Hip Hop em Angola, estipula que nós (os bloggers) somos parceiros da Cultura Hip Hop em Angola, devendo desempenhar o papel de imprensa, sendo responsável pela cobertura jornalística de eventos.

O BALUMUKENU teve acesso por conta de um encontro acidental com o Senhor Edson Miguel, um dos promotores/produtores, que atendeu-nos educadamente e permitiu a nossa entrada. 
                                                              
Ainda de realçar que as condições técnicas dos nossos shows têm sido um calcanhar de Aquiles, principalmente no que se refere a qualidade de som, microfones e ao retorno da música por parte do Dj's, e Artistas. Como todos outros este não fugiu a regra. É de louvar o esforços feitos para contornar as falhas. 

Contudo podemos congratular a Produção por um evento que se delineou aos carris da perfeição e que a experiência adquirida os possa nutrir e constituir uma base mais sólida para as futuras realizações no ramo.


Shia Neurose

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